BP compra fatia da Bunge em negócio de cana no Brasil por US$ 700 milhões

Petrolífera britânica passará a ser a única acionista do negócio sucroenergético, que é o segundo maior processador de cana do país.

A britânica BP acertou a compra dos 50% de participação da americana Bunge na joint venture que as duas empresas têm no setor sucroenergético no Brasil, e que tem a segunda maior moagem de cana do país. A transação é avaliada em US$ 700 milhões (sem incluir assunção de passivos), uma vez que a joint venture foi avaliada em US$ 1,4 bilhão.

A BP Bunge Bioenergia será integralmente incorporada à BP, incluindo uma dívida líquida de US$ 500 milhões e obrigações de arrendamento de US$ 700 milhões.

Sem considerar a assunção desses passivos, a transação saiu por um múltiplo equivalente de US$ 43,20 por tonelada de cana de capacidade de moagem. A companhia tem 11 usinas no Brasil com capacidade para processar 32,4 milhões de toneladas de cana por safra, e de produzir 1,7 milhão de toneladas de açúcar, 1,7 bilhão de litros de etanol e 1,4 mil gigawatts-hora (GWh) por ano.

Com a transação, a BP interrompe seus planos globais de expansão em novos negócios de biocombustíveis por enquanto, incluindo o desenvolvimento da produção de bioquerosene de aviação (SAF) e diesel renovável (HVO) em suas plantas de refino já existentes. A companhia anunciou que vai pausar dois projetos e continuará a analisar três em outros países, sem especificar quais.

Ao mesmo tempo, a BP pretende usar sua plataforma no Brasil para desenvolver esses e outros biocombustíveis. Em nota, a companhia informou que a consolidação da empresa no Brasil oferecerá potencial para novas oportunidades, como “etanol de segunda geração, combustível de aviação sustentável (SAF) e o biogás”.

A compra da parcela da Bunge pela BP faz parte da estratégia da petrolífera britânica de investir cerca de US$ 16 bilhões em 2024 e 2025. Também faz parte da meta de que os biocombustíveis contribuam com cerca de US$ 2 bilhões ao seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) até 2025, e que o setor de bioenergia ofereça um retorno de mais de 15%.

A transação também dá, enfim, uma saída da Bunge para o segmento sucroenergético no Brasil, que há anos tenta se desfazer do negócio. A Bunge é a última das tradings ABDC (ADM, Bunge, Cargill e Dreyfus) a sair do setor sucroenergético no Brasil, após uma investida do grupo no segmento há 20 anos.

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